Termo cunhado por Theodor H. Nelson, na década de 60. Implica uma estrutura não linear própria de uma enciclopédia, exemplo de hipertexto por permitir acesso não-linear a múltiplos verbetes, sem respeitar a sequencialidade. Os ambientes digitais são um campo fecundo para esse tipo de texto, pois permitem acesso imediato às informações graças à lógica de funcionamento baseada em links.
George Landow é um estudioso reconhecido da forma hipertextual e a define como “um texto composto por blocos de textos que podem se expandir para a hipermídia pela inclusão de informação visual, som, animação e outras formas de dados” (LANDOW, 1992, p.4).
Em The convergence of contemporary critical theory and technology (1992), Landow analisa o impacto desse tipo de estrutura sobre as concepções de texto, autoria e leitura e destaca os vínculos com as lexias, que é como Barthes denomina os conectores entre blocos de textos críticos sobre o romance Sarrasine, de Balzac, em S/Z (1970). Destaca, ainda, o fato de um escritor como Joyce já ter se utilizado dessa estrutura em Ulysses, escrito entre 1914 e 1921. Machado de Assis, ainda no final do século XIX, em 1881, inscreve em Memórias Póstumas de Brás Cubas essa estrutura hipertextual que, nesta nova edição em hiperlivro digital, encontra terreno propício para a sua materialização e é “dessa forma que cada capítulo opera como uma cápsula interdependente que condensa o todo. São blocos textuais móveis e paratáticos que lembram o modelo hipertextual. É a leitura ou a navegação que construirá a(s) linha(s), no decorrer do itinerário, por meio da conexão dos links (palavras, frases, personagens, cenas, alusões, etc.), que permitem a cada leitor a escolha de seu próprio centro de experimentação (LANDOW, 1992, p.13), à semelhança de um sistema hipertextual”. (OLIVEIRA, MRD. O legado de Memórias Póstumas de Machado de Assis. Revista Olho d’água, UNESP, São José do Rio Preto, 2019, p. 17-18).
Imagem: mapa de navegação de e-book em hipertexto da Eastgate Systems, pioneira do formato.