A hipocondria, em si, é uma patologia na qual a pessoa acredita estar com alguma doença séria, sem que se apresentem evidências para tal.
Em Memórias Póstumas, associa-se com a melancolia e nasce com a ideia do emplasto Brás Cubas, que tinha um fim terapêutico de cura desse mal do século: a flor mórbida da melancolia. Era, portanto, “um emplasto anti-hipocondríaco, destinado a aliviar a nossa melancólica humanidade” (Cap. II O emplasto).
Em Luto e melancolia (1917), Freud (1856-1939) analisa a diferença entre o luto trazido pela realidade da morte de alguém e aquele desencadeado pela perda de algo desprovido de uma causa efetiva, à qual o filósofo contemporâneo Giorgio Agamben (1940 – ) acrescentará que significa perder algo que nunca foi seu verdadeiramente, pois “[…]enquanto o luto sucede a uma perda realmente acontecida , na melancolia não só falta clareza a respeito do que foi perdido, mas nem sequer sabemos se podemos de fato falar de uma perda”. Trata-se, então, de uma perda imaginária e fantasmática. [AGAMBEN, “O objeto perdido” In: Estâncias : a palavra e o fantasma na cultura ocidental, 2007, p.44]