natureza

Esta cena do “Delírio”, na qual a Natureza dialoga com Brás Cubas, traz a alusão  a uma outra – a do “Diálogo da Natureza e um Islandês”-, de um dos maiores escritores italianos – Giacomo Leopardi (1798-1837)-, em seu livro Operette Morali [Opúsculos Morais], composto por uma série de 20 operettes nas quais especula sobre o enigma da vida do universo. Entre essas, está esse diálogo de um islandês com a Natureza, que ressoa na escrita deste defunto-autor machadiano, leitor de Leopardi. 

A título de exemplo, transcrevemos um pequeno trecho desse “Diálogo”, em tradução para o português:

“[…] Natureza: Quem és tu? O que procuras nestes lugares onde a tua espécie é desconhecida?

        Islandês: Sou um pobre islandês fugindo da Natureza e, tendo-o feito por toda a minha vida   por cem partes da terra, estou aqui por causa dela.

       Natureza: Assim foge o esquilo da cascavel até que caia por si próprio na sua goela. Eu sou aquela de quem foges.

      Islandês: A Natureza?

      Natureza: Ela mesma e não outra.” 
[LEOPARDI, Giacomo. “Diálogo da Natureza e um Islandês” In: Poesia e Prosa. Trad. Vilma Barreto de Souza. R. Janeiro: Ed. Nova Aguilar, 1996, p.358-362]