virgílio

[Cap. XXVI O autor hesita] Eu deixava-me estar ao canto da mesa, a escrever desvairadamente num pedaço de papel, com uma ponta de lápis; traçava uma palavra, uma frase, um verso, um nariz, um triângulo, e repetia-o muitas vezes, sem ordem, ao acaso, assim:                                             arma virumque cano A   Arma virumque cano                     arma  virumque cano               arma  […]

[Cap. XXVI O autor hesita]

Eu deixava-me estar ao canto da mesa, a escrever desvairadamente num pedaço de papel, com uma ponta de lápis; traçava uma palavra, uma frase, um verso, um nariz, um triângulo, e repetia-o muitas vezes, sem ordem, ao acaso, assim:

                                            arma virumque cano

A  

Arma virumque cano

                    arma  virumque cano

              arma  virumque

                                              arma virumque cano  

                           virumque

Maquinalmente tudo isto; e, não obstante, havia certa lógica, certa dedução, por exemplo, foi o virumque que me fez chegar ao nome do próprio poeta, por causa da primeira sílaba; ia a escrever virumque,__ e sai-me Virgílio, então continuei:

      Vir                                                    Virgílio

             Virgílio                               Virgílio

                                  Virgílio

                                                              Virgílio

Meu pai, um pouco despeitado com aquela indiferença, ergueu-se, veio a mim, lançou os olhos ao papel…

— Virgílio! exclamou. És tu, meu rapaz; a tua noiva chama-se justamente Virgília.

Imagem: capa da Eneida, de Virgílio, publicada na Amazon.

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